domingo, 5 de junho de 2011

Bom Português?

Nos últimos tempos têm aumentado significativamente as discussões a respeito das questões do uso da língua. Não seria nada ruim se o que tem sido veiculado não fosse carregado de preconceitos e de uma visão arcaica da língua. As críticas atingiram um número maior desde a divulgação da distribuição do livro Por uma vida melhor pelo Ministério da Educação paras as escolas públicas do país. Elas dão conta de que o reconhecimento da língua coloquial, abordado no referido livro é prejudicial e nocivo aos alunos que iriam desaprender o bom português.

Na tentativa de amarrar, prender e fossilizar o idioma as críticas ao reconhecimento de uma variedade não-padrão no ambiente escolar, ganham força e mais adeptos. O que, na realidade, é prejudicial é o ensino de língua que tem sido realizado até agora em nosso país. Além de pregar o radicalismo em relação à variedade culta da língua, desconsidera todo o histórico sócio-cognitivo que os falantes-alunos trazem e carregam consigo na vida extraescolar.

Numa análise simplista da língua em uso, podemos constatar facilmente, leigos ou especialistas no tema, o caráter mutável da língua. Quando chegamos em sala e dizemos que vamos ensinar o certo, afirmamos, por trás disso, que o aluno não sabe, que o que ele tem como referência não necessariamente é válido.

Obviamente que é principalmente no ambiente escolar que os falantes-alunos precisam ter contato e serem estimulados a dominar com competência o uso padrão da língua por uma série de questões sócio-culturais, mas ao desconsiderar todo o conhecimento trazido pelo aluno é afastá-lo cada vez mais das aulas de língua portuguesa. E se o ensino da língua materna não tem sido tão eficiente até hoje nos moldes como é realizado há décadas não seria esta a hora de rever algumas questões?

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