sábado, 27 de março de 2010

Não contesto! atesto!


Enivrez-vous

(Charles Baudelaire, Petits poémes en prose, 1869)

Embriagai-vos!
(Trad. Paulo de Oliveira, 1937)

Deveis andar sempre embriagado. Tudo consiste nisso: eis a única questão. Para não sentirdes o fardo horrível do Tempo, que vos quebra as espáduas, vergando-vos para o chão, é preciso que vos embriagueis sem descanso

Mas, de quê? De vinho, de poesia ou de virtude. Como achardes melhor. Contanto que vos embriagueis.

E se, alguma vez, sob os degraus de um palácio, na verde relva de uma vala, na solidão morna de vosso quarto, despertardes com a embriaguez já atenuada ou desaparecida, perguntai ao vento, à vaga, à estrela, ao pássaro, ao relógio, a tudo o que foge, a tudo que geme, a tudo o que rola, a tudo o que canta, a tudo o que fala, perguntai que horas são. E o vento, a vaga, a estrela, o pássaro, o relógio vos responderão:

- É a hora da embriaguez! Para não serdes escravos martirizados do Tempo, embriagai-vos! Embriagai-vos sem cessar! Com vinho, com poesia ou virtude! Como achardes melhor!

terça-feira, 23 de março de 2010

Acaba logo....

Down em mim


Cazuza

Eu não sei o que o meu corpo abriga
Nestas noites quentes de verão
E nem me importa que mil raios partam
Qualquer sentido vago de razão
Eu ando tão down
Eu ando tão down

Outra vez vou te cantar, vou te gritar
Te rebocar do bar
E as paredes do meu quarto vão assistir comigo
À versão nova de uma velha história
E quando o sol vier socar minha cara
Com certeza você já foi embora
Eu ando tão down
Eu ando tão down

Outra vez vou te esquecer
Pois nestas horas pega mal sofrer
Da privada eu vou dar com a minha cara
De panaca pintada no espelho
E me lembrar, sorrindo, que o banheiro
É a igreja de todos os bêbados
Eu ando tão down
Eu ando tão down
Eu ando tão down
Down... down


segunda-feira, 15 de março de 2010

ai que saudades eu tenho....


MaterVeneranda

Por ti que o ser me deste, eu vivo apenas;

Vivo junto de ti mesmo sozinho,

Sem as carícias mansas e serenas

E a ventura materna do teu ninho.

Em extremos de afeto e de carinho,

Com essência de dor das minhas penas,

Vou regando a aridez do teu caminho,

Para que brotem lírios e açucenas...

Sabem do meu amor os que em ti pensam,

Mas não sabem que, na alma que me deste,

Nossas almas em uma se condensam.

Corpo humano de espírito celeste,

Eu tudo sofro, pela tua bênção!

[...]

Em horas de incerteza, de amargura,

Quando, sem fé, o espírito vacila,

Surge ante mim uma visão tranqüila,

Num sonho de esperança e de ventura.

É a alma de minha mãe que, suave e pura,

Desprendida, talvez, da humana argila,

Me vem à idéia, em meu olhar cintila

E meu aflito coração procura.

Quando, sem ilusões, tristonho e absorto,

Deixo que a alma na cisma se concentre,

Vejo-a fulgir nas sombras do meu Horto.

Tenho ante os olhos essa imagem, que entre

Bênçãos de amor e preces de conforto,

Bendiz o fruto amargo do seu ventre.

Da Costa e Silva

Dizendo a que vim!!!! por M. Quintana

POEMINHA DO CONTRA

Todos estes que aí estão
Atravancando o meu caminho,
Eles passarão.Eu passarinho!