segunda-feira, 15 de março de 2010

ai que saudades eu tenho....


MaterVeneranda

Por ti que o ser me deste, eu vivo apenas;

Vivo junto de ti mesmo sozinho,

Sem as carícias mansas e serenas

E a ventura materna do teu ninho.

Em extremos de afeto e de carinho,

Com essência de dor das minhas penas,

Vou regando a aridez do teu caminho,

Para que brotem lírios e açucenas...

Sabem do meu amor os que em ti pensam,

Mas não sabem que, na alma que me deste,

Nossas almas em uma se condensam.

Corpo humano de espírito celeste,

Eu tudo sofro, pela tua bênção!

[...]

Em horas de incerteza, de amargura,

Quando, sem fé, o espírito vacila,

Surge ante mim uma visão tranqüila,

Num sonho de esperança e de ventura.

É a alma de minha mãe que, suave e pura,

Desprendida, talvez, da humana argila,

Me vem à idéia, em meu olhar cintila

E meu aflito coração procura.

Quando, sem ilusões, tristonho e absorto,

Deixo que a alma na cisma se concentre,

Vejo-a fulgir nas sombras do meu Horto.

Tenho ante os olhos essa imagem, que entre

Bênçãos de amor e preces de conforto,

Bendiz o fruto amargo do seu ventre.

Da Costa e Silva

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